sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA PARÓQUIA MENINO JESUS DE PRAGA, CONTADA POR PADRE BRUNO

Padre Bruno, Pároco da Paróquia Menino Jesus de Praga  70 a 81
ADADEDILSON- Estou conversando com Padre Bruno que chegou em vila aliança aproximadamente a 45 anos, 10 de fevereiro de 1970, como foi sua chegada na comunidade e o que o Senhor encontrou aqui?

PADRE BRUNO- Estava no Engenho Novo, já tinha chegado da Itália em Novembro de 1969 o Padre Lindolfo queria sair de Vila Aliança e eu também queria sair do Engenho Novo na Zona Oeste já estavam alguns padres Italiano, meus conhecidos como o Padre Nino de Vila Kennedy então me convidaram para Vila Aliança, D Jaime Câmara me encaminhou para a Vila e no dia 10 de Fevereiro de 1970 eu peguei o trem no Engenho Novo e cheguei em Vila Aliança eu morei um mês na Rua do Eletricista com o Padre Lindolfo ele me ajudou me acompanhou no começo a atividade principal na época as missas  e estudos Bíblicos que o Padre Lindolfo realizava na igreja, não era chamado de Círculo Bíblicos, mas sim de grupos de evangelho no caso D. Ocila foi o primeiro grupo no Caminho do Lúcio, em 1970 mesmo no carnaval fizemos um retiro de carnaval para refletir o evangelho e a partir desse momento começamos a organizar os grupos de evangelho que depois disso começaram a ser chamados de grupos de Círculos Bíblicos e eu acompanhava todos ele todas as semanas, inicialmente eu acompanhava sozinho depois disso fazia junto com os padres Nino e Jacinto na Vila Kennedy, na época eu sempre ia até a Vila Kennedy para almoçar e a noite para se reunir, sempre de bicicleta retornava de lá 22 ou 23:00 sem problemas nenhum, agora as coisas melhoraram não dar pra fazer isso RS, depois surgiu a necessidade, porque tinha a igreja e a capelinha do Santíssimo mas não havia salas para catequese, depois construímos salas e umas delas foi separada para uma tentativa de uma biblioteca, sempre com a presença e participação de todos depois houve um período bastante difícil, quando a fábrica Bangu queria despejar o pessoal que moravam entre a Vila  e Bangu, Caminho do Lúcio e toda aquela parte que hoje é a Nova Aliança, havia umas 300 famílias, pois o terreno era da fábrica Bangu e queria tirar todas as famílias e nossa paróquia se solidarizou com essas famílias, nessa época já estava comigo minha irmã Maria Assunta que veio da Itália, compramos um terreno e construirmos uma capela que hoje é a capela de Nossa Senhora Aparecida na época o Bispo Auxiliar D. Grégori veio e inaugurou a capela a Diocese em umas das Campanhas da Fraternidade comprou manilhas para canalizar a rua da capela e na rua principal, Rua do Catequista, não era para resolver o problema mas ajudou um pouco.

ADADEDILSON- Voltando no caso da Fábrica essa situação do despejo encerrou devido a intervenção da paróquia ou houve outro movimento que ajudou.

PADRE BRUNO- O fato da igreja não aceitar ajudou muito, a direção da fábrica me chamou e fomos em comissão o convite foi feito muito diplomaticamente e fez uma proposta, eles disseram que a igreja não tinha muro e seria muito caro a construção então a fábrica irá murar todo o terreno da igreja e o Senhor nos ajuda a retirar toda as famílias da nossa área, seria o muro em troca da retirada das famílias do terreno, e é claro que nóis não concordamos com essa proposta, pois centenas de pessoas ficariam na rua com a solidariedade do povo da igreja a situação não foi a frente, também nesta época começou um trabalho em defesa do meio ambiente, havia uma sitio perto da Vila parece que agora é o mangueiral e o governo queria derrubar as mangueiras e todo o verde para construir casas populares, havia no vicariato oeste um grupo chamado, "TERRA E HABITAÇÃO", e era uma forma de defender o verde, água, encher tudo sem infra estrutura e depois ficaria ruim, também a luta para conseguir a linha de ônibus para o centro da cidade foi um trabalho da igreja e a comunidade.

ADADEDILSON- Foi a igreja quem reabriu a associação de moradores que estava fechada algum tempo.

PADRE BRUNO- Isto foi em outro momento, primeiro foi a luta da igreja para conseguir a linha de ônibus, até na época foi manchete no Jornal do Brasil, porque foi a primeira manifestação na época da ditadura que foi realizada em defesa dos direitos do transporte, depois havia na vila o conselho de moradores e a associação de moradores as duas estavam fechadas, quer dizer a associação estava tentando reabrir lá no AREVA, além disso havia o Conselho de Moradores que foi um instituição criada pelo governo através da COAB, atual CEHAB, quando cosntruiram Vila Aliança, onde cada rua escolheria seus representantes.

ADADEDILSON- Então o Conselho de Moradores não foi um instituição criada pelos moradores, mas sim pelo governo.

PADRE BRUNO- Já havia, me parece que foi a Sandra Cavalcante, que tinha criado estava caída e a igreja reativou com os moradores foi realizada eleições para a escolha dos representante e do presidente.

ADADEDILSON- O Senhor resolveu montar as pastorais sociais, como: trabalhador, Jovens trabalhadores, Domésticas.

PADRE BRUNO- Começou com os Círculos Bíblicos, onde as pessoas começaram a despertar seus direitos, no próprio evangelho você descobre que tem direito a viver, porque Jesus mesmo disse:"...Eu vim para que todos tenham vida...", precisa se organizar e lutar, a diocese tinha a pastoral do Trabalhador e então criamos nosso grupo da paróquia nessa época começou a questão da criação da associação das domésticas o pessoal começaram a participar de um grupo que havia no Rio sobre domésticas, D. Zica e minha irmã Maria Assunta começaram a participar deste grupo e articular e criar um grupo na paróquia que se reunia mensalmente e tinha uma participação muito forte para a organização do Sindicato das Domésticas as coisas estavam  começando, pois estávamos no período da ditadura e então crescia devagar.

ADADEDILSON- Todos esses trabalhos começaram simultaneamente nas paróquias onde estavam os padres Italianos?

PADRE BRUNO-Bem onde acontecia as mesmas coisas era na Vila Aliança e Vila Kennedy, além disso tinha um grupo de paróquias onde os padres se reuniam para trocarem idéias e pensarem juntos, e se ajudavam e veriam os caminhos e iniciamos com os Círculos Bíblicos, neste grupo de padres tinha o Padre Lúcio que está até hoje na zona oeste, ele na época tinha organizado toda a paróquia dele Santa Clara em Guaratiba a partir de núcleos, cada círculo bíblicos tinha um ponto, participava padre Fernando(espanhol), da paróquia de Santana, padres Jose Fernandes de Realengo que depois deixou a batina e casou ele já faleceu, padre João Klibim de Magalhães Bastos já falecido, Solano de Santa Cecília, nós sempre pensávamos juntos.

ADADEDILSON- E a partir disso como surgiu as pastorais sociais, eu fiquei sabendo que chegou a ter em nossa paróquia 40 grupos de Círculos Bíblicos?

PADRE BRUNO-Acho que sim, pois havia em quase todas as ruas da Vila, o primeiro foi na Rua do Aprendiz com D. Dulcinéia, de D. Ocila já havia no Caminho do Lúcio, zica, Almerinda, Atala, entre outros, o plano era ter um em cada rua.

ADADEDILSON- Houve uma situação na época com e então diretor da EM Ruben Berta, ele não concordava com os trabalhos que o Senhor fazia na igreja?

PADRE BRUNO-  A coisa explodiu mais, quando o padre Vitor Miracapillo do Nordeste foi convidado para celebrar uma missa pela independência do Brasil por um politico da época o padre se negou a celebrar a missa dizendo que não celebraria a missa, pois o Brasil ainda não  era independente, então esse politico denunciou o padre que foi expulso do Brasil, essa noticia foi muito veiculada pela imprensa na época, o diretor da escola na época também queria que nós também celebrássemos e nós estávamos lutando, não tanto neste sentido politico,  nós até concordava com o padre Miracapillo, mas não tínhamos nenhuma questão direta com ele, nós estávamos defendendo um sitio que havia perto da vila e que o governo queria desmatar para fazer casas populares  e que acabou acontecendo o Chagas Freitas que era o governador da época foi se queixar com D. Eugênio Salles, então Cardeal do Rio e o governador disse a ele que a igreja da Vila estava tentando obstruir o trabalho do estado, isso virou uma bola de neve de um lado o Chagas Freitas conseguiu convencer o Cardeal que nós estávamos contestando a autoridade do governador e colocando o povo contra o governo. neste caso o diretor se juntou talvez por motivos pessoais ou políticos apoiando o governador.

POR :EDILSON ADAD









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